01 de JUNHO
Primeiro de junho de dois mil e vinte e quatro foi o dia em que completei trinta anos exatamente dez mil novecentos e cinquenta e oito dias depois de primeiro de junho de mil novecentos e noventa e quatro quando minha mãe tinha vinte e nove e não sei como se sentia tornando-se uma mulher que dá à luz a outra mulher mas este é um registro de como me sinto agora enquanto me torno também alguém como quem renasce de si mesma.
Quero dançar.
Minha carreira é a coisa menos importante da minha vida.
Enjoo das roupas que comprei na semana passada.
Sigo ansiosa. Não é mais como se eu fosse desmoronar. É como se alguém tivesse aberto minha cabeça, tomado meu cérebro pelas mãos e puxado a gosma toda dois ou três centímetros para a esquerda. Dois ou três centímetros para a direita, tanto faz.
Ver o mar e escrever me ajudam a colocar a cabeça no lugar. Escrever vendo o mar, enxergar o mar escrevendo.
Quero dar uma festa.
Sinto todas as coisas do mundo. Não sei como elas cabem, mas cabem.
Os livros que leio mostram que não estou louca, embora eu ache que sim. Estou. Saber da própria loucura seria uma forma de lucidez? Existe loucura consciente de si? Uma loucura que sabe se dizer. Inteira, sem hesitação: /l/ /o/ /u/ /c/ /u/ /r/ e termina em /a/ como num grito de alívio.
Gosto de prestar atenção no céu. Encarar a lua arredondando e o vento arrastando as nuvens.
Tem um buraco imenso porque o que me cerca não faz sentido. De repente percebo que não é nada disso. Nem este trabalho, nem estes amigos, nem esta cidade, nem este restaurante em que me sinto em casa, nem estas ruas por onde ando, nem este jeito de abrir os olhos, nem a janela deste apartamento que é minha moldura de mundo. De repente percebo que não é nada disso e então o buraco. Porque é mais. Falta o romance e estar arrepiada. Me sobra a vontade de ser outra e tantas. Nenhum alguém entende. Quem sabe Djavan entenderia: nem que eu bebesse o oceano, encheria o que eu tenho de fundo. Só sei viver se for por mim.
Tem também um respiro forte em busca do ar que desaperta o peito. As costelas crescem e o corpo acompanha esse jeito de ficar maior.
Quero ir embora. Mais uma vez.
Preciso da paixão.
A vida é bonita e isso sempre me faz chorar.
Não fujo mais do sal.
Minha carreira é a coisa menos importante da minha vida.
Enjoo das roupas que comprei na semana passada.
Sigo ansiosa. Não é mais como se eu fosse desmoronar. É como se alguém tivesse aberto minha cabeça, tomado meu cérebro pelas mãos e puxado a gosma toda dois ou três centímetros para a esquerda. Dois ou três centímetros para a direita, tanto faz.
Ver o mar e escrever me ajudam a colocar a cabeça no lugar. Escrever vendo o mar, enxergar o mar escrevendo.
Quero dar uma festa.
Sinto todas as coisas do mundo. Não sei como elas cabem, mas cabem.
Os livros que leio mostram que não estou louca, embora eu ache que sim. Estou. Saber da própria loucura seria uma forma de lucidez? Existe loucura consciente de si? Uma loucura que sabe se dizer. Inteira, sem hesitação: /l/ /o/ /u/ /c/ /u/ /r/ e termina em /a/ como num grito de alívio.
Gosto de prestar atenção no céu. Encarar a lua arredondando e o vento arrastando as nuvens.
Tem um buraco imenso porque o que me cerca não faz sentido. De repente percebo que não é nada disso. Nem este trabalho, nem estes amigos, nem esta cidade, nem este restaurante em que me sinto em casa, nem estas ruas por onde ando, nem este jeito de abrir os olhos, nem a janela deste apartamento que é minha moldura de mundo. De repente percebo que não é nada disso e então o buraco. Porque é mais. Falta o romance e estar arrepiada. Me sobra a vontade de ser outra e tantas. Nenhum alguém entende. Quem sabe Djavan entenderia: nem que eu bebesse o oceano, encheria o que eu tenho de fundo. Só sei viver se for por mim.
Tem também um respiro forte em busca do ar que desaperta o peito. As costelas crescem e o corpo acompanha esse jeito de ficar maior.
Quero ir embora. Mais uma vez.
Preciso da paixão.
A vida é bonita e isso sempre me faz chorar.
Não fujo mais do sal.